Canção de Bulbrax

Gustavo Portela / Flávio Paiva

Depois de ver uma peça no teatro
Eu estava voltando para casa
Quando encontrei
Um garoto que não tinha estado lá
Reclamei da sua ausência
Pois essas coisas não se deve perder

Ele me olhou atordoado
Como se eu fosse de outro planeta
Dos seus sapatos vi saírem
Pés em várias direções
Invadindo ruas
Figuras nuas me chamando para dançar a canção de Bulbrax

Tira os vasos de corpos da sala, Bulbrax!
Espalha as touceiras de luz sobre os muros!
Rega as jardineiras das telas, Bulbrax!
Planta as trepadeiras nas antenas!
Vamos, vamos que as gemas precisam brotar
Bulbrax!

Me senti tão deslocado
Que pensei em recuar
Me mandar enquanto estava escuro
Mas decidi ficar, encarar a situação
E minhas palavras foram passando
Por dentro das palavras delas

Blocos de cimento surgiam do nada
Dissolviam uns aos outros
Libertando quem passava
Enquanto o garoto adubava
Canteiros pela cidade
Como se fosse de outro planeta

Ele reclamou da minha alienação
Pois essas coisas não se deve perder.

  • Livro-CD Bulbrax: Sociomorfologia Cultural de Fortaleza

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