“Em Mobilização Social, o relato de Flávio Paiva nos conta como, num Estado politizado como o Ceará, os cidadãos tornaram-se os mais vigilantes fiscais do futuro que se avizinha.” (MARIA CRISTINA FERNANDES)


Flávio Paiva – oferece uma leitura dos 16 anos de hegemonia tucana no Ceará pela lente da sociedade civil. É a história de como Tasso Jereissati, conhecido nacionalmente pela imagem de modernização administrativa num Estado de longa tradição coronelística, impôs um estilo impermeável ao povo cearense e com nuances do autoritarismo que pretendeu substituir (…)
A fina análise de Flávio identifica na divisão de poder entre Capital e Estado uma singular sociedade entre Tasso e Juraci (…)

O relato de Flávio Paiva nos conta como, num Estado politizado como o Ceará, os cidadãos tornaram-se os mais vigilantes fiscais do futuro que se avizinha”.

Maria Cristina Fernandes
Editora de política do jornal Valor Econômico


TRECHO
“A mediação entre o Governo do Ceará e a população deixou praticamente de reconhecer, nesse período, as instituições e os movimentos populares para instituir uma relação mistificada pela força e poder da publicidade, da propaganda, do marketing e das tentativas de promoção da participação institucionalizada. O vínculo dos benefícios era feito com atribuição à figura pessoal do governante, numa espécie de democracia direta virtual, induzida e retroalimentada pelo registro de elevados índices de opinião pública (…) Diante desse quadro, as manifestações da sociedade civil tiveram que ser criativas para poder escapar da insolvência cidadã. Contribuir de modo incisivo para a evolução da situação de democracia representativa a fim de poder alcançar uma fase de democracia participativa, foi uma aventura quase romântica. Na segunda metade dos anos 80, o processo brasileiro de redemocratização era incipiente, depois de duas décadas de ditadura militar. No Ceará, a sucessão de coronéis reformados, que se revezavam no poder, apenas mudou quanto ao tipo de conduta autoritária do executivo estadual”

“O clima de embaraço tomou conta da cena política cearense. A chamada Era Tasso chegava ao fim com uma escatológica lavagem de roupa suja. Enquanto Tasso (PSDB) execrava alguns dos seus ex-companheiros que passaram para a oposição, tinha que dividir os louros da não-derrota com a adesão do prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB). A ´inteligência´ eleitoral do primeiro comandante da Capital teve seu toque de influência na garantia do empate e, possivelmente, para forçar a pequena diferença de 0,08% dos votos que decidiram a eleição (…) Tasso Jereissati e Juraci Magalhães podem ter, nesse episódio, se despedido do longo e confortável convívio de divisão de poder no Ceará. Um com as rédeas do Estado e o outro com o controle da Prefeitura da Capital. Muitos analistas políticos entendem que a combinação de poder no Ceará nos últimos anos ocorreu entre Tasso e Ciro Gomes, mas olhando de perto, é possível observar que foi entre Tasso Jereissati e Juraci Magalhães. A distinção seqüencial das duas administrações facilita essa compreensão: no governo, Tasso/Ciro/Tasso/Tasso; na prefeitura, Juraci/Cambraia/Juraci/Juraci. Este é o mapa da hegemonia”.

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