O Povo – Segundo Caderno – Fortaleza, CE, Junho de 1982

Por Nonato Albuquerque


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FLÁVIO PAIVA

O livro “A face viva da ilusão”, de Flávio d’Independência [Flávio Paiva], será lançado às 20 horas de hoje, no Salão de Convenções do Esplanada Praia Hotel, durante o ato de encerramento do “Seminário sobre Monteiro Lobato”. A apresentação ficará a cargo do Dr. Vasco Damasceno Weyne.

Cearense da cidade de Independência, há seis anos em Fortaleza, Flávio cursa atualmente o 3º semestre do Curso de Comunicação Social na UFC. Diz não ter ainda muitas pretensões como escritor, o que desejava sempre era poder mostrar a sua produção poética. Sabe que hoje à noite, 
ao encontrar os amigos prestigiando o lançamento, será um dos seus maiores momentos de alegria.

Flávio d’Independência [Flávio Paiva] gosta de primar pela idéia. Se algumas vezes não consegue dar ao poema uma forma desejada, tenta enfatizar mais a idéia em si, o conteúdo. É contra os que fazem um tipo de “literatura de birô”, longe da realidade e sem muita coisa para pensar.

Quando está produzindo, pega o que está sensível na realidade. Não é muito de descrever os ambientes numa longa exposição. Gosta de vivenciar o real, de sentir as emoções de perto, embora na poesia não seja muito intimista. Procura penetrar no íntimo das outras pessoas. Poucos poemas retratam ou falam sobre o seu interior.

Costuma trabalhar o poema mentalmente. Quando passa para o papel já está quase pronto. Não é de trabalhar artesanalmente as palavras. “Tudo que está escrito neste livro foi sentido verdadeiramente. É tudo emoção. Não faço poemas só por fazer”. Diz que nunca recebeu influência ou incentivo da família. A poesia nasceu em sua vida instintivamente.

É de opinião que mesmo com tantas dificuldades de sobrevivência, não há espaço para o desespero. Sabe que “o homem chegou a um ponto em que ele passou a ser a própria vítima”. Por esta razão, é papel do escritor levar o indivíduo a refletir sobre seus problemas, pois muitos não tem consciência de sua própria dor. O poeta, a seu ver, deve incutir em todos a idéia de que tudo pode se transformar.

Tem certeza de que a poesia já faz parte de sua vida. Não procura um meio de desabafar suas amarguras ou angústias. Concede a poesia como uma espécie de visão do mundo que gostaria de 
presenciar na realidade. Tem uma preocupação constante: discutir suas idéias, debater com as 
pessoas, com o objetivo de aprimorar, avançar cada vez mais na sua percepção do mundo.

“A face viva da ilusão” foi editado por “Paulo Perona Prmoçoes Culturais do Nordeste” como apoio do professor Cláudio Santos. O livro é ilustrado pelo próprio autor, Nice e Estrigas.