Batuque que une terreiro e música de câmara
Jornal O POVO – Caderno Vida & Arte, p. 4, 08/05/2015

FAC-SÍMILE
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O escritor Flávio Paiva e o músico Orlângelo Leal, da banda Dona Zefinha, realizam “fala ilustrada” e lançam clipe de Dança de Negros – Batuque

Paulo Renato Abreu
paulorenatoabreu@opovo.com.br 

O cearense Alberto Nepomuceno é o fundador da música brasileira como conhecemos hoje. É o que defende o jornalista e escritor Flávio Paiva, idealizador do livro-CD Invocado – um jeito brasileiro de ser musical. Ao lado do músico Orlângelo Leal, da banda Dona Zefinha, Flávio realiza hoje a fala ilustrada Esse Alberto Nepomuceno é invocado mesmo, reunindo música e performance. O evento aberto ao público será realizado na Livraria Cultura, às 19h30.

A programação será aberta com o lançamento do clipe da música Dança dos Negros – Batuque, composta em 1887 por Alberto Nepomuceno (1864 – 1920) e que recebeu letra, em 2014, escrita pela cantora guineana Fanta Konatê, o produtor musical André Magalhães e o próprio Flávio.

“O Alberto foi o artista brasileiro que primeiro enxergou o que viria a ser a música brasileira. Em momento em que só se ouvia valsa e ópera, ele ouviu o batuque das ruas, do povo”, afirma Flávio Paiva, que é também colunista do O POVO, ressaltando que o músico uniu a dança dos negros com a orquestra de câmara. “Foi o primeiro a colocar o tambor da música africana para conversar com os instrumentos de corda”.

Para os artistas envolvidos no projeto Invocado – que traz referências de outros músicos como Xerém, Neo Pinel e Petrúcio Maia –, o som de Alberto Nepomuceno dialoga com a atualidade. “A música dele é atual, está presente na contemporaneidade”, diz Flávio Paiva.

Invocando o Invocado
Integrante da banda Dona Zefinha, Orlângelo Leal incorpora na noite de hoje o personagem Invocado. “Estou há seis anos investigando três instrumentos e vou tocá-los nessa noite”, conta Orlângelo. Os instrumentos são: o marimbau, monocórdio que remete ao Movimento Armorial; o caixa-pé, que produz som a partir dos passos de dança do tocador; e o terceiro é um apito de caça.

“A performance é essa possibilidade de fazer musica mesmo sem ter instrumento convencional. Fala também do sertanejo, que mesmo com a seca e sem o favorecimento da indústria cultural, faz música”, aponta.

O personagem ilustrará a fala de Flávio Paiva. “O Invocado é um homem-banda, que traz também o humor”, completa.

SERVIÇO
Fala Ilustrada de Flávio Paiva, com participação de Orlângelo Leal
Quando: hoje, às 19h30
Onde: Livraria Cultura (av. Dom Luís, 1010, Shopping Varanda Mall – Meireles)

Fonte: O POVO