O Povo, Fortaleza, quinta-feira, 30/01/92

Se os 500 anos da chegada de Colombo à América promete render debates e discussões em torno do avanço dos povos colonizadores sobre as culturas indígenas, pelo menos vão revelar ao Brasil e a a alguns países latino-americanos a existência da cantora cearense Olga Ribeiro. “América”, o disco que ela lançará até maio, tem a marca expressiva dessa intérprete perfeita e pretende fazer uma leitura musical contemparênea da colonização do continente, numa pesquisa que levou cinco anos.

Na data de resgate, faz questão de frisar Olguinha que, apesar dos 25 anos, já é uma veterana do circuito de shows e festivais.

A seleção musical reúne autores do porte de Caetano Veloso, Victor Jara, Gilberto Gil, Capinan, o cubano Juan Carlos Pérez, que participa da faixa “Personaje X” – cuja letra questiona o comportamento daqueles que tanto “discutem” mas que pouco fazem de concreto pelo fortalecimento da dignidade cultural nos países latino-americanos. A sublinhar toda essa visão crítica, “América” destaca a presença de autores cearenses como Abidoral Jamacaru, Tarcísio José de Lima e Flávio Paiva.

Foi um disco maturado e pensado, afirma a intérprete que mora em Brasília com o marido Eugênio Matos, onde parte das gravações foram feitas. A outra no estúdio Pró-Áudio, aqui em Fortaleza.

Olga Ribeiro, Olguinha, é uma das vozes mais conhecidas do movimento artístico cearense. Ela começou a atuar ainda ao tempo do colegial. Com vocação para teatro, ela passou a integrar grupos artísticos, até formar ao lado de Tarcísio José de Lima, Eugênio Leandro e Nara Vasconcelos, o Quart’eton. Com ele foi indicada para representar o Nordeste brasileiro em excursão por vários Estados norte-americanos. Ao retornar resolveu dar um tempo em tudo e ir para Brasília, para estudar música, Psicologia e Filosofia. (NL)