Maurício Albano era um poeta de luz integral, diz Flávio Paiva
O Povo – Vida & Arte, pág. 14, 12/03/2015 

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Flávio Paiva, escritor e jornalista

Maurício Albano compartilhava a mesma casa dos bichos, das plantas e das pessoas. Viveu como um ser vivo integral, tanto no mundo da natureza quanto no mundo da cultura. Seu trabalho é um multiplicador de paisagens e paragens da luz, na poética do jogo perceptivo.

Tive a satisfação de apresentar dois dos seus álbuns fotográficos. Um, em 1992, quando ele produziu um conjunto de imagens sobre a fauna e a flora do Maciço de Baturité; o outro, em 2014, no qual ele recorreu à lente panorâmica do seu coração para escancarar seu amor pelas belezas do Ceará.

Amigo querido, em dezembro passado ele prestigiou o lançamento do meu livro-cd Invocado, no Teatro Carlos Câmara, e me disse que a música tinha para ele a força dos ventos balançando folhas, mudando cores no claro-escuro do som e do silêncio.

Da atitude da observação à experiência do olhar reflexionante, Maurício exerceu uma recursividade profunda, combinando referências afetivas no que era e no que fazia, sem perder de vista a necessidade de apreensão e de transbordamento das intencionalidades.