A mensagem do ministro da Educação Camilo Santana parabenizando o Espaço Cultural História Viva, entidade de professores do município de Independência, Ceará, pelos quinze anos consecutivos de realização do prêmio literário que leva o meu nome, é contundente no reconhecimento da importância da contribuição das ações de cidadania orgânica no processo de educar.

No vídeo, projetado durante o evento realizado dia 26 de agosto último, naquela cidade dos Inhamuns, o ministro do governo Lula afirma: “Nenhuma nação que tenha conseguido avançar em desenvolvimento econômico e social, com melhores condições para o seu povo, fez isso sem investir em educação. Só a educação é capaz de transformar um país, uma sociedade…”.

A tarefa de promover a educação é de todas as pessoas e instituições que acreditam no potencial do Brasil e dos brasileiros na dinâmica local e global. “Quem tiver apito, apite”, diz um verso do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974) na música “Um Favor”. É com esse espírito de acordar o mundo que o prêmio se coloca ombro a ombro com a juventude da terra onde eu nasci.

O ato de educar requer o compromisso com a complementaridade. Todos somos educadores naquilo que nos dispomos a ser. O ministro Camilo Santana realçou o caráter compartilhado dessa iniciativa do História Viva, pelo feito de “mobilizar centenas de jovens, estudantes, suas escolas, professores e professoras, familiares e amigos e amigas em torno da história do município de Independência e seus antepassados”.

15º Prêmio Literário Flávio Paiva 2023: “A história do Brasil passa por Independência”. Foto: Nathália Cardoso.

Em seu discurso como primeira colocada na seleção feita por educadoras e educadores de quatro campi do IFCE, a adolescente Beatriz Mariano de Oliveira, de 16 anos, estudante da Escola Agrícola Dom Fragoso, confrontou o modelo consumatório que espanta a juventude do centro das profundas transformações socioeconômicas, ambientais, climáticas e geopolíticas.

Mais do que uma fase ou uma faixa etária, a juventude é uma forma inquieta de amar o mundo; é sedimentação poética e rebelde do “eu”, no contexto que for. No local em si e no local parte do todo, ela precisa se sentir cidadã para atuar como cidadã, inteirada de aspectos simbólico-sociais capazes de assegurar-lhe portabilidade de perspectiva. A natureza é de graça, a vida é de graça e o amor é de graça.

O cantor e compositor Edvaldo Santana, que, com apoio do Sesc-Ceará, foi a atração especial dessa décima quinta edição do prêmio, lembrou bem que, nesse tipo de concurso, voltado para o exercício da criação estética, “todo mundo ganha”, independentemente de colocação. E cantou “Quem é que não quer ser feliz”, um canto que aproxima a felicidade do respeito a quem está do lado.

A educação para a cidadania requer a consideração entre cultura e natureza, como parte das buscas pessoais de bem-viver. Essa consciência de que o mundo precisa de alteridade prática está na gênese do convite que anualmente é feito à juventude de Independência para que pense e escreva sobre assuntos que impactam suas vidas e a vida do planeta.