Educação Orgânica – 15 anos do Prêmio Flávio Paiva – 2009 – 2023 – Espaço Cultural História Viva

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Honrar os nossos antepassados
Jornal Meio Norte, p.2, Opinião. Teresina/PI, 19 e 20/08/2023

Por: Flávio Paiva

Os motivos e expectativas que levaram os que vieram antes de nós a escolher o nome do lugar onde viviam são sinais que não devemos deixar que se apaguem nos caminhos que temos pela frente. Eles funcionam como insumos para a interpretação do que somos, em um país tão grande como o Brasil, onde muitas coisas desaparecem, enquanto outras são abafadas e escapam à nossa memória.

O nome de Independência, o município do sertão cearense dos Inhamuns, onde eu nasci, é fruto da sagacidade dos combatentes do rio Jenipapo e do cerco a Cachias (hoje Caxias) que retornaram àquele território que, em parte pertencia ao Piauí, e resolveram mudar a denominação de Pelo Sinal para a marca da vitória sobre o exército português nos seus últimos combates em solo brasileiro, no ano de 1823.

Duzentos anos depois dessa investida de piauienses, maranhenses e cearenses contra a ordem de um sistema de exploração colonial insuportável, o Espaço Cultural História Viva, entidade criada e mantida por professoras e professores de Independência desafiou os estudantes das escolas públicas e privadas do município a refletirem e se expressarem literariamente sobre o tema “A história do Brasil passa por Independência”.

Esse concurso de educação participativa, que leva o meu nome, vem sendo realizado há quinze anos consecutivos, mobilizando a juventude, suas famílias e escolas em torno de assuntos que, direta ou indiretamente, impactam suas vidas. O 15º Prêmio Literário Flávio Paiva 2023 está voltado para a formação de consciência histórica, como modo de reconhecimento de gestos fundantes e de renovação de acontecimentos.

Os trabalhos, selecionados por uma equipe de avaliadores do Instituto Federal do Ceará (IFCE) serão apresentados em momento de confraternização no dia 26 deste mês de agosto, no largo da Estação Leitura, sede do História Viva, em Independência. Com apoio do Sesc-Ceará, o evento contará com um show de voz e violão do cantor Edvaldo Santana, meu parceiro na cantata tangerina do livro “Toque de Avançar. Destino: Independência” (Armazém da Cultura), que conta a origem do nome do município de Independência.

Edvaldo Santana é um respeitado cantor e compositor da cena independente brasileira, filho da dona Judite e do seu Félix, ambos nordestinos da gema, ela pernambucana e ele piauiense, nascido em 1955 na zona leste de São Paulo, de onde vingou como artista de vasto e instigante repertório autoral, incluindo parcerias com Paulo Leminski, Arnaldo Antunes, Itamar Assumpção e Tom Zé. Entre cantador rural e bluesman urbano, não dá para classificá-lo, por ser fora do comum.

A identificação de Edvaldo com a proposta de honrar nossos antepassados começa no município de Fartura do Piauí, lugar em que passou alguns dias da infância sendo cuidado pela avó índia Eva Maria dos Anjos, que virou música de memória afetiva, em Jataí, álbum inspirado numa abelha sem ferrão e de mel raro que, na sua criação, voa pelo Brasil, e que, em Independência, une-se a outras e outros polinizadores em valorização dos nossos heróis sem nome, como inspirações para o devir.

Fonte:
https://jornal.meionorte.com/jornal-pdf/20230819

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EDVALDO SANTANA EM INDEPENDÊNCIA. O cantor e compositor Edvaldo Santana, um dos ícones da música independente brasileira, filho de nordestinos e nascido na periferia paulistana será a atração especial do evento de culminância do 15º Prêmio Literário Flávio Paiva 2023, realizado pelo Espaço Cultural História Viva no município de Independência, sertão dos Inhamuns, Ceará.

Com força musical expressiva e única, Edvaldo Santana apresentará peças do seu repertório autoral e a música-tema do livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, de Flávio Paiva (Armazém da Cultura), parceria integradora da semântica do som do compositor com a literatura de ficção histórica juvenil do autor, em um entrelace estético que, juntamente com as ilustrações em acrílicas aquareladas e nanquim sobre tela de Valber Benevides constitui uma unidade narrativa aberta.

Ligada intimamente ao relato, essa paleta sonora independente contribui para que a imaginação da leitora e do leitor alcance outros estágios de percepção dos fatos e acontecimentos históricos referenciados no livro-música “Toque de Avançar”, obra que inspirou o tema do Prêmio Flávio Paiva em sua 15ª edição (“A história do Brasil passa por Independência”), e que trata da origem do nome do município cearense, cujos antepassados lutaram na Batalha do Jenipapo/PI e no Cerco a Cachias (Caxias/MA), em 1823, ou seja, há 200 anos.

Quem define bem o papel da trilha sonora na interdisciplinaridade de linguagens em uma obra é o maestro Júlio Medaglia: “…um terceiro elemento de exposição dramática, como uma terceira e efetiva dimensão narrativa” (…) “que atinge direto o inconsciente ou subconsciente das pessoas” (Música Impopular, Global Editora, 2003). Em Toque de Avançar, que também é potencialmente teatro e cinema, o sentido épico está presente, mas invocado desde as entranhas libertárias do herói popular.

Com o intuito de desafiar leitoras e leitores a fazerem associações subjetivas e a terem participações imaginativas nas situações de leitura, Toque de Avançar, texto e som, antecipa revelações em forma de pergunta, tais como: “Quem conquistou o Morro do Alecrim?”, ou: “Para onde iremos se deixamos para trás as batalhas do herói sem nome?”, e mais: “Se deixarmos seus rastro se apagarem no caminho que temos pela frente?”.

A cantata tangerina, de Edvaldo Santana e Flávio Paiva, ilustração musical de Toque de Avançar, tem a partitura do maestro Tarcísio José de Lima impressa nas páginas do livro e fonogramas distribuídos no Spotify, Deezer, Apple Music e demais plataformas de streaming, com produção musical de Paulo Lepetit. O videoclipe e outros vídeos do Toque de Avançar estão disponíveis em youtube.com/flaviopaiva59

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INDEPENDÊNCIA VIVA!!!

O Espaço Cultural História Viva divulgou a relação de estudantes e escolas de destaque no 15º Prêmio Literário Flávio Paiva 2023:

Beatriz Mariano de Oliveira, da Escola Família Agrícola Dom Fragoso (1ª colocada); Pedro Henrick Laurentino Aguiar (2º), Sara Yasmin Olinda Vasconcelos (5ª) e Maria Clara Machado da Silva (6ª), da Escola Abigail Antunes Marques; Ruan Callebe Torquato Duarte (3º), do Colégio Coração de Maria; Arthur Honorato Marques (4º), Flávia Alessandra de Sousa Silva (8ª) e Maria Mayara Vieira de Macêdo (9ª), da EEEP Maria Altair Américo Sabóia; Mayana Sara Soares Souza (7ª), do Colégio Santana de Independência; e Maryelliz Lima Coutinho (10ª), da Escola Maria do Carmo Cardoso.

As reflexões sobre o tema “A história do Brasil passa por Independência” contaram mais um ano em sua seleção final com o compromisso generoso de avaliadoras e avaliadores do Instituto Federal do Ceará (IFCE):

Maria Efigênia Alves Moreira (IFCE Campus Jaguaribe), Lourival Soares de Aquino Filho (IFCE Campus Baturité), José Enildo Elias Bezerra (IFCE Campus Ubajara) e Eugênia Tavares Martins (IFCE Campus Fortaleza).

O evento de confraternização das agraciadas e agraciados, educadoras, educadores, escolas, familiares, amigas e amigos (ocasião em que será entregue também o Troféu Saci de Personalidade do Ano), como tradicionalmente vem acontecendo nos últimos 15 anos consecutivos, será no largo da Estação Leitura, em Independência, às 19:00 do dia 26/08/2023.

O cantor e compositor Edvaldo Santana, ícone da música independente brasileira, filho de nordestinos e nascido na periferia de São Paulo, parceiro de Flávio Paiva na música-tema do livro “Toque de Avançar. Destino: Independência” (Armazém da Cultura), que conta a origem do nome do município, será a atração especial do evento, com repertório próprio e jeito único de cantar.

A idealização e realização desse prêmio de educação participativa é do Espaço Cultural História Viva, entidade criada e mantida na marra por professores locais, com apoio da rede de ensino pública e privada do município, do Núcleo Audiovisual Jaguaribe (NAJA) e do SESC-CE / Fecomério / Senac.

“Educar é dar ao outro a oportunidade de poder se sentir capaz” (Flávio Paiva).

Imagem: Independência em tela de Valber Benevides