Todo ser humano em sã consciência é contra o holocausto judeu (1933 – 1945), assim como todo ser humano que prima pela diversidade e pelo diálogo entre os povos não é antissemita, nem antipalestino. Óbvio que não deve ser também a favor da eliminação massiva do povo da Faixa de Gaza, como a que está sendo efetivada pelas forças armadas do governo Netanyahu.

As correntes políticas, religiosas e de comunicação instrumentalizadas pelo autoritarismo belicoso do primeiro ministro israelense reagiram escandalosamente a dois pronunciamentos feitos pelo presidente brasileiro sobre os sequenciados massacres sangrentos ocorridos no pequeno território pertencente ao que seria ou será o Estado Palestino.

Na Etiópia (18), Lula comentou: “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus”. Depois, no Rio de Janeiro (23), reafirmou: “O que o governo de Israel está fazendo contra o povo palestino não é guerra, é genocídio”.

A fala do mandatário de um país que abriga democraticamente judeus, palestinos e tantos outros povos deve mesmo expressar preocupação com o assassinato em massa de pessoas inocentes, condenadas à eliminação por serem de etnia, raça e religião indesejada por partidários da necropolítica transfronteiriça.

É péssimo para o mundo o crescimento de figuras abomináveis como Benjamin Netanyahu e sua ideologia racial semelhante à de Adolf Hitler (1889 – 1945). Assim como Hitler, Netanyahu não enxerga indivíduos, apenas o grupo étnico-racial que tenciona eliminar, condenando à morte impiedosa milhares de crianças, adultos e idosos inocentes nos hediondos ataques a Gaza.

Mulher com filha na Faixa de Gaza. Foto: Mahmud Hams/AFP

Ao identificar-se com Hitler no pensamento e na prática nazista, Netanyahu procurou encontrar algo que pudesse aliviar sua referência de atrocidades, tendo em conta que o Führer (líder) chegou ao holocausto judeu movido pelo entendimento de que o comportamento judaico endeusava o poder do dinheiro como exploração humana.

Em 2015, Netanyahu ensaiou um alívio à responsabilidade de Hitler, afirmando publicamente no Congresso Mundial Sionista, em Jerusalém, que o comandante nazista somente decidiu montar uma infraestrutura para a prática da crueldade sistêmica e em escala contra judeus porque teria sido convencido por um chefe religioso muçulmano.

Mesmo amplamente criticado por historiadores do Holocausto e por membros da comunidade judaica, Netanyahu conseguiu seguir no poder em sua busca de, à moda Hitler, dar a ‘solução final’ na questão dos palestinos. Tendo como justificativa o pavoroso ataque do Hamas ao território israelense (07/10/2023), partiu para a efetivação do genocídio, em que pese a intensificação de pressões por sua renúncia.

Os atos de Netanyahu revelam que ele quer banir a ‘ameaça racial’ para impor o domínio e a expansão do mais forte, do mais bem armado e do mais rico. Hitler matou pessoas que tinham muito dinheiro, talvez por isso seja mais execrado do que o rei Leopoldo II (1835 – 1909), que matou milhões no Congo, o triunvirato otomano, Talat (1874 – 1921), Enver (1881 – 1922) e Djemal (1872 – 1922), que fez uma limpeza étnica armênia, e o ditador Pol Pot (1925 – 1998), que eliminou quase um terço da população do Cambodja.

No filme “A idade da Terra” (1980), Glauber Rocha (1939 – 1981) foi claro ao dizer que no final do século XX a geopolítica estaria dividida entre países capitalistas ricos e pobres e países socialistas ricos e pobres, concluindo: “Na verdade, o que existe é o mundo rico e o mundo pobre”. Visto assim, Netanyahu já apresentou (22) até um plano para a administração e a educação, a seu modo, dos órfãos que sobrarem do genocídio que está praticando na Faixa de Gaza.

Fonte:
Jornal O POVO