O ensino de inglês é oferecido na escola brasileira desde a infância, e é muito bom que, ao terem contato com a língua inglesa, nossas crianças possam usufruir de obras de autores brasileiros publicadas nesse idioma estrangeiro. Por outro lado, é igualmente importante que a música e a literatura infantis com nuanças do Brasil participem também das brincadeiras de descobrir o mundo, praticadas por meninas e meninos dos países que falam inglês.

Depois de lançar, em 2022, pela Telos Editora, o livro “Que noite, Torito!” em português e em espanhol (“¡Qué noche, Torito!”), com tradução de Nathália Cardoso, deu vontade de ampliar o alcance dessa obra para as crianças que falam ou que estudam inglês, inicialmente com a parte musical (“What a night, Torito!”), traduzida por Wander Nunes Frota. O livro impresso, com a história completa da criança que, brincando com os pensamentos e com a imaginação, consegue dormir sozinha pela primeira vez, será publicado em 2024.

O álbum “What a night, Torito!”, disponível desde 01/10/2023 no Spotify, Amazon Music, Deezer, Apple Music, YouTube Music, Pandora e demais plataformas de streaming, mantém a mesma ilustração ardente de Canizales na capa e o mesmo som caloroso da percussão de Dani Zulu e das cordas de André Hosoi dos álbuns anteriores. A única mudança de fato é a nova gravação em inglês da voz suave e expressiva de Luana Baptista. Tudo com o igual suporte da excelente produção musical de André Magalhães e com a caprichada masterização de Homero Lotito, configurando, assim, a ideia de tríptico.

Na sequência do lançamento do álbum “What a night, Torito!”, mães, pais, educadoras, educadores, professoras e professores de música podem acessar letras e partituras (preparadas pelo maestro Tarcísio José de Lima) no site www.flaviopaiva.com.br e utilizá-las em suas interações com as crianças. Esse é um exercício de grande valor, haja vista que a música infantil é muito envolvente como mediadora de aprendizagem. Ela torna leve e divertido o contato com questões vocabulares e estruturais da língua, facilitando sua pronúncia, entendimento e fluência.

A maioria das músicas que passam a ser cantadas em outras línguas recebem versões nas quais podem ser incorporadas ideias e situações não contempladas na perspectiva original. No caso do Torito, isso não foi possível fazer porque, embora todas essas cantigas tenham vida própria, na combinação que faço de literatura e música elas integram o significado mais amplo da narrativa, funcionando como se fossem janelas por onde escoa a imaginação. Isso requereu contribuições da Luana Baptista, do meu filho Lucas Paiva, da Nathália Cardoso, da psicóloga infantil norte-americana Susan Linn e da musicista londrina Lizzie Ogle para ajustes de prosódia e adequação de palavras e expressões que ficassem em consonância com a oralidade do canto em inglês.

O certo é que tomamos todos os cuidados para assegurar a clareza de “What a night, Torito!”. À vista disso, por exemplo, introduzimos na música “Tchacundum” um trecho falado, explicando que as palavras vibrantes acopladas à percussão de Dani Zulu estão associadas ao som do galope nas brincadeiras de cavalinho. A ideia é jogar garrafas ao mar, com mensagens o mais compreensíveis possível, antes de tudo, pelos adultos que possam levá-las às crianças que amam.

Fonte
www.rivista.com.br