|EDUCAÇÃO| Prêmio Literário Flávio Paiva instiga estudantes de Independência a conhecerem a história do município cearense no movimento de independência do Brasil.

Miguel Araújo

Há 15 anos, estudantes de escolas públicas e particulares de Independência são instigados a iniciarem – ou continuarem – seus percursos no universo da criação literária. O município cearense, localizado a 310,5km de Fortaleza, é o ‘berço’ do jornalista, escritor e compositor Flávio Paiva.

Autor de livros como “Que Noite, Torito!”, “Se Você Fosse um Saci” e “Brincadeiras de Sol e Mar”, o ‘filho ilustre’ de Independência dá nome ao prêmio literário que mobiliza a juventude da cidade. Realizado pelo Espaço Cultural História Viva, o concurso é promovido pelo 15º ano seguido e nesta edição tem um recorte especial: “incentivar os jovens à busca pela valorização da história protagonizada pelos antepassados do município”.

Com o tema “A História do Brasil Passa Por Independência”, o 15º Prêmio Literário Flávio Paiva está com inscrições abertas para estudantes das escolas públicas e particulares de Independência, entre 13 e 17 anos completos, que estejam matriculados nas instituições da sede e dos distritos da cidade.

Os jovens serão ‘desafiados’ a responder em forma de crônica, conto, poesia ou literatura de cordel a uma provocação particular: “O que significa, para você, a participação dos nossos antepassados (de Independência) na vitória contra o exército português, que, há 200 anos, assegurou a Amazônia para o Brasil?”.

As inscrições estão abertas até a próxima quarta-feira, 26, através de preenchimento de formulário no Google Docs, com link enviado às escolas. Cada participante pode inscrever até três trabalhos inéditos, não importando a categoria, e o envio ocorre de 1º a 16 de junho pelo e-mail do Espaço Cultural História Viva.

Os três primeiros lugares receberão, respectivamente, um notebook, um kindle e uma caixa de som, e os dez primeiros colocados receberão certificado de participação e um livro autografado por Flávio Paiva. Os resultados serão divulgados em 11 de agosto e a entrega do prêmio, bem como do Troféu Saci de Personalidade do Ano (tributo a pessoas com destacada atuação em Independência), ocorre em 26 de agosto, com show de Edvaldo Santana.

Neste ano, o tema busca provocar nos participantes reflexões sobre a participação do município na história da Independência do Brasil. Afinal, a origem do nome da cidade está ligada a movimentos pela independência do País como a Batalha do Jenipapo. De 1823, que ocorreu às margens do rio do mesmo nome na vila de Campo Maior, no Piauí.

Piauienses, maranhenses e cearenses lutaram contra tropas portuguesas que tinham o objetivo de manter a região fiel à Coroa Portuguesa. Ascendentes independencianos participaram “de forma intensa e apaixonada”, como relata Flávio Paiva, “a ponto de, retornando às origens, promover a mudança do nome do povoado de Pelo Sinal para Independência”.

Assim, o prêmio leva “a micro-história ao mundo dos educandos que são bombardeados pelos “grandes atos históricos, protagonizados por estranhos”, como afirma Expedito Martins, presidente da História Viva. A ONG é uma entidade filantrópica com a missão de refletir sobre “os graves problemas da exclusão social”, trabalhando para “eliminar a discriminação e promover a inclusão social e a cidadania para todos os independencianos”.

“A nossa missão é preservar a memória individual e coletiva dos munícipes e contribuir no incentivo à leitura, escrita e protagonismo juvenil, promovendo uma sociedade mais equânime”, explica Expedito Martins. A instituição atua desde 2007 com trabalhos voluntários, valorizando potenciais artísticos, culturais e educacionais dos habitantes da cidade.

Diante da “escassez bibliográfica e documental” a respeito do assunto, a História Viva disponibilizará às escolas um dossiê com artigos, entrevistas e reproduções de páginas de livros para facilitar a investigação dos estudantes sobre os “acontecimentos em pauta”. Um dos materiais é o livro “Toque de Avançar. Destino: Independência”, de Flávio Paiva.

“Partindo da ideia de que somos protagonistas da história, pretendemos contribuir e mostrar aos jovens que nosso município também tem história e heróis que contribuíram com a historicidade nacional e que garantiram a unidade do território nacional. Pois, serão instigados a compreender a participação dos nossos antepassados na Batalha do Jenipapo, onde populares cearenses, piauienses e maranhenses lutaram contra as tropas fiéis do Exército Português lideradas pelo major Fidié. Tal evento aconteceu no dia 13 de março de 1823, assim, este ano comemora-se 200 anos do ocorrido, argumenta Expedito Martins.

“Acreditamos que conhecendo a nossa história os discentes possam defender nossa cultura, diante de tantas tentativas de minimizar os feitos dos antepassados”, encerra o presidente. (Miguel Araújo).

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EM TEMPO

A Batalha do Jenipapo/PI e o Cerco a Cachias/MA (à época ainda não era escrito Caxias) são eventos que se complementam nessa derrota do exército português.