Portal Cultura Infância, Editorial

Por Gabriel Guimard:
 
O Portal Cultura Infância começou a ter recentemente a colaboração do jornalista cearense Flávio Paivawww.flaviopaiva.com.br ), que tem uma coluna semanal no jornal Diário do Nordeste de Fortaleza, e que é Membro do Conselho do Projeto Criança e Consumo (www.criancaeconsumo.org.br) ligado ao Instituto Alana (www.alana.org.br), reconhecida instituição que lida com este tema.

Estava eu matutando a respeito da importância de colocar ou não no Portal Cultura Infância um ítem específico para esta questão. Consultei então o Flávio, que foi veêmente na sua declaração: “a questão da relação entre consumo e criança é um tema transversal dentro dos temas transversais, que é da maior importância na atualidade”. A mensagem foi clara para mim.

Uma sociedade que preza, sobretudo o ter ao invés do ser, onde as grandes corporações comerciais ficam fazendo “filantropia” e dando “esmolas” para ong’s trabalharem com crianças em situação de risco social, e se auto proclamando arautos da infância brasileira, mas o que lhes interessa na verdade é vender mais e mais seus produtos para as crianças e deixar marcado seu “logo” no imaginário delas, como se marca um boi a ferro quente. 

E uma questão mais grave ainda não é apenas manipular a criança para que comprem produtos infantis, mas também “fazer a cabeça” delas para que atormentem seus pais para comprarem o carro da moda, ou o qualquer coisa da moda.Várias pesquisas de mercado apontam para o fato de que as crianças influenciam em muito, o que seus pais consomem. 

A questão do “consumo e criança” é do tipo de matéria que deve estar presente na grade currícular de todas as escolas públicas e privadas. No mínimo as crianças deveriam desde cedo aprender a consumir conscientemente. O consumismo é uma atitude compulsiva que pode gerar não só a obesidade física, mas o emagrecimento do intelecto, da sensibilidade, e a destruição do lúdico. Desagrega, separa, gera a ganância, a inveja, a uniformidade, uma vez que todas as meninas têm que ter a mochila da Barbie. O consumismo é o baluarte da “cultura de guerra”. 

Só o ensino da ecologia para crianças não dá conta de tema tão complexo. O ensino e a prática da reciclagem e a reutilização são de grande importância para a “salvação do planeta”, mas sem sombra de dúvida reduzir o consumo é um dos grandes paradigmas deste início de século e milênio.

Esta é uma luta quixotesca, pois estamos lidando com forças poderosas: as agências publicitárias, os departamentos de marketing das grandes empresas que anunciam na grande mídia, as redes de televisão, interesses transnacionais, etc. Lidamos também com a apatia de um grande número de pais de todas as classes sociais e econômicas, que preferem dizer sim a tudo que os filhos pedem, ao invés de desde cedo dialogar com eles a respeito disso ou que compram tudo para os filhos para compensar suas ausências em casa. E finalmente não podemos esquecer o despreparo de um grande contingente de professores que não sabem lidar com este tema. 

É um tema crucial que diz respeito a toda sociedade: crianças, jovens, adultos, ricos, pobres, empresas, governo e todos têm responsabilidades e deveres na construção de um “consumo sustentável”.

Contato: editor@culturainfancia.com.br

Fonte: http://www.culturainfancia.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&catid=132:artigos-e-teses&id=357:editorial-consumo-e-crianca&Itemid=167