NelSONS – Artistas

Lançado em 1994 o coletivo CD Rolimã – Flávio Paiva em Parcerias revela a inquietação do compositor e jornalista, cearense de Independência, com a atual realidade do cruel mercado de divulgação da música brasileira. O álbum, se enquadra na resistência cultural de qualidade que foge aos dítames da indústria do disco, sobre a qual o artista dispara: “Por trás dos apelos da bundofilia aeróbica, da tautologia axé, do forró bichado, da força da economia breganeja e da pagodização musical brasileira, a nossa diversidade inventiva prossegue, como quem acredita no futuro, sedimentando a sua importância de patrimônio imaterial.” Acrescentando que seu “Rolimã” é, “Movido pelo magnetismo informal que a música sempre provocou em mim, acabei cedendo à tentação de fazer este registro de pulsações mestiças e giros lúdicos universais. ROLIMÃ é uma espécie de reportagem de comportamento, de jeito de ser e viver, que me leva a transitar por sensações caóticas, sincronizadas em um ladrilho de distintas peças reais e imaginárias, cuja química compartilho com amigos que são compositores, músicos, intérpretes, e, principalmente, parceiros de tantos mimos, crenças e danações.” Tudo isso se faz presente numa dúzia de canções, três somente criações de Flávio Paiva, “Baião na Manchete” por Marta Aurélia, “Escarlate” na voz de Edmar Gonçalves e “Bolha” interpretada por Mona Gadelha. Além delas, as parcerias com Cristiano Pinho e Kátia Freitas, “Estroboscópia”, pela própria Kátia, “O Continente Encontrado”, dividida com Tarcísio José de Lima, na singela voz de Olga Ribeiro, “Luiz Assumpção”, samba com os outros Tarcísios (Sardinha e Matos) com o potente vocal de Ricardo Black, “As Acácias tem Alma” bossa com melodia de Manuel González e cantada por Eugênio Leandro, “Como me dá! ” balanceio composto ao lado de Calé Alencar interpretado por Armando Telles, “Cantiga de Bárbara, a borboleta”, a qual tem música de João Monteiro Vasconcelos e vem na voz de Norberta Viana, “Flávio & Andréa” escrita com o tecladista Eugênio Matos, onde Aparecida Silvino empresta seu privilegiado talento vocal e “Sou mais no tempo do Figueiredo”, rock irreverente feito em 1987 com os parceirosTarcísio Matos / Falcão, dupla dinâmica do sucesso atual do brega star cearense, nas vozes de Valdo Aderaldo e Paula Tesser. Somente “Serenata”, que tem a voz de André Vidal, uma modinha ultramarina, não é de autoria de Flávio Paiva. No entanto foi pesquisada e adaptada por ele, quando a colheu num dia de feira em 1986, na cidade de Juazeiro do Norte, com o rabequeiro Cego Oliveira, na época com 74 anos, o qual afirmou ter aprendido a canção quando era criança em Palmeira dos Índios, Alagoas.

Ficha Técnica 
Cristiano Pinho (guitarra, violão, teclados, programação de bateria e percussão, arranjos), Edmundo Júnior e Aroldo Araújo (baixos), Luizinho Duarte (bateria e percussão), Tarcísio Sardinha (violão, bandolim, viola de 12 cordas, guitarra e arranjos), Zé do Norte (teclados e acordeon), Tarcísio José de Lima (violões e arranjo), Edmar Gonçalves (violão e matraca), Jeca (pandeirão, tambor onça, apito, chocalho de cazumbá, maracá e matraca), Tito Freitas (teclados), Cláudio Lucci (violão), Ocelo Mendonça (flauta). Concepção e direção artística – Flávio Paiva; Direção musical – Tarcísio Sardinha, Cristiano Pinho e Tarcísio José de Lima; Gravado entre os meses de janeiro e fevereiro de 1994 em 24 canais no Pró Áudio Estúdio, Fortaleza Ceará por Anfrísio Rocha, Hamilton silva, Jeovar Maia e Marcílio Mendonça; Mixado por Cláudio Lucci no Estúdio Camerati em Santo André, São Paulo com Assistência de Mona Gadelha; Pré-Masterizado por Carlos Freitas na Cia de Áudio em São Paulo. Masterizado nos Estados Unidos e Manufaturado no Canadá sob a responsabilidade da Camerati. Capa – Travessia Metálica na Fronteira das Cores, trabalho em óleo de Flávio Paiva com foto de Alcides Freire. Projeto gráfico – Edmilson Marini.

Observações 
Todos os intérpretes, Kátia Freitas, Marta Aurélia, Olga Ribeiro, Edmar Gonçalves, Ricardo Black, Mona Gadelha, André Vidal, Eugênio Leandro, Armando Telles, Norberta Viana, Aparecida Silvino e Valdo Aderaldo & Paula Tesser, participaram da concepção dos arranjos. Bia Bedran e Luís Carlos Prata deram uma contribuição especial em “Cantiga de Bárbara, a Borboleta”. Aroldo Araújo participou dos arranjos assinados por Tarcísio Sardinha. As músicas “O Continente Encontrado” e “Sou mais no tempo do Figueiredo”, que foram gravadas originalmente nos elepês “América” (1992) , de Olga Ribeiro e “Bonito, Lindo e Joiado” (1990), do Falcão, estão em “Rolimã” com novos arranjos. O álbum é dedicado ao amigo Farias Frazão (1950 – 1982). Rolimã – Flávio Paiva em Parcerias teve sua primeira edição esgotada e atualmente o artista está em entendimentos para uma nova tiragem.